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Capa - Joaquim Cortés

"Princesa Cigana"

Depois que Sitandra sagrou-se Princesa do Clã de Cam sua vida mudou completamente, haviam muitos deveres e poucos direitos.

Em um desses poucos direitos estava o de escolher seu par. Dentre muitos pretendentes à mão da Princesa Cigana seus pais não deram a nenhum deles. Lembram quando Seus parentes afastaram-na o mais rápido possível do pequeno Frances Mât?

Fizeram isso porque sua menina já estava prometida em casamento desde que nasceu a um Cigano do Clã dos Sintis.

E chegou o grande dia do seu casamento

Sitandra não teve nenhum tipo de intimidade antes do seu casamento.

Quando o casamento aconteceu, ela ficou durante três dias e três noites, separada do seu noivo dando atenção aos convidados, somente na terceira noite é que puderam ficar pela primeira vez a sós. Mesmo assim, o noivo ainda exigiu a prova de virgindade da noiva! É uma tradição e costume Cigano.

Sitandra comprovou sua virgindade através da mancha de sangue no lençol que foi mostrada pelo seu marido a toda tribo no dia seguinte. Só depois dessa prova a família do noivo voltaria para seu acampamento. Caso Sitandra não fosse virgem, ela poderia ser devolvida para os pais e eles teriam que pagar uma indenização para os pais do noivo. Mas como a noiva manteve-se virgem, na manhã seguinte da noite nupcial, ela se vestiu com uma roupa tradicional colorida e ostentou um lenço na cabeça, simbolizando que é uma mulher casada.

Durante a festa de casamento, os convidados homens, sentaram ao redor de uma mesa no chão e com um pão grande sem miolo, receberam dos convidados os presentes dos noivos em dinheiro ou em ouro.Estes foram colocados dentro do pão ao mesmo tempo em que os noivos foram abençoados. Em troca receberam lenços e flores artificiais para as mulheres. Geralmente a noiva é paga aos pais em moedas de ouro, a quantidade é definida pelo pai da noiva.

Sitandra obedecia e respeitava o seu marido que era o chefe do Clã dos Sintis e lidava com a vida agrícola, enquanto os pais de Sitandra eram ligados a momentos mais importantes da existência; São Cartomantes e Quiromantes.

Enquanto seu Cigano viajava, Sitandra dançava para regalo de todos em seu grupo. A música mais tocada e dançada pelo grupo de Sitandra é a música Kaldarash. É um ritmo próprio para ser dançado com acompanhamento da batida das mãos e dos pés. É uma levada de sons que não precisam ter significado entre o efeito de acompanhamento, essa música é repetida várias vezes enquanto a Cigana dança.

- Muitas vezes as mulheres ciganas têm certeza que a bela cigana está triste, mesmo ela se mostrando maravilhosamente feliz, elas notam o fio de lágrima a escorrer de sua face enquanto dança. É dom das mulheres ciganas serem observadoras.

Também já a encontram por diversas vezes caminhando entre a floresta absorta em pensamentos. Ainda áh aquelas que afirmam ser falta de uma criança!

Mas o que Sitandra sente é falta daquele amor arrebatador que ela não viveu com seu marido. Um amor que em volta de uma fogueira numa noite de lua cheia foi jurado. E não foi para seu esposo Cigano que ela eternizou o amor num juramento secreto, feito apenas pelo casal de enamorados. Não foi para seu esposo Cigano que Sitandra teceu um anel com seu próprio cabelo molhou no vinho e segurou firme em sua mão direita até poder oferecer a seu Frances enamorado. Nem foi seu esposo Cigano quem dividiu o anel de cabelos em dois oferecendo um a ela, colocando em seu anular as escondidas, deixando que ela fizesse o mesmo. E com olhares juraram amor eterno. Fazendo com que assim, nada mais os separe, pois custe o que custar acabarão juntos para cumprir o juramento.

- Ela não diz nada seus pensamentos são secretos, assim como seus desejos.

Sente-se também culpada por ter feito um encantamento no auge de sua adolescência para um jovem que teve pousada entre seu povo.

Naquela noite de lua cheia. Enquanto os ciganos cantavam e dançavam para deusa lua, Sitandra ausentou-se e banhou-se de corpo inteiro usando apenas um anel com uma pedra vermelha. Após o banho, perfumou apenas o local do dedo sob a pedra do anel. E quando O menino Mât se despediu para ir embora de uma vez por todas. Ela usou de subterfúgio ao se despedir para fazer com que ele cheirasse a pedra do anel. E ao fazer isso o rapaz estaria preso a ela, até a próxima noite semelhante, quando a simpatia deveria ser repetida ou não.

Como ela nunca mais o viu não repetiu o feitiço, mas se culpa por que com certeza ele a desejou por algum tempo. E sem razão de ser!

Porque ela estaria casada com outro. A quem foi prometida.

Todos esses pensamentos fazem Sitandra se sentir mal, são esses remorsos o que deixa uma nuvem de tristeza na dança da bela moça.

E se tivessem se encontrado novamente? Será que ela desmancharia o feitiço?

Sitandra seria capaz de deixá-lo partir depois de olhar em seus olhos mais uma vez? O destino sabedor não permitiu que se encontrassem. Então por que ela não esquece isso. Com certeza o feitiço nem deu certo. Ela nunca saberá.

Junto com todos esses pensamentos que deixam nuvens escuras na mente da Princesa Cigana, tem algo mais. Um pressentimento que corta como navalha.

Quando isto acontece sentimos doer em uma parte do corpo que não conseguimos remédio para curar, porque eles doem na alma.

Toda essa leva de acontecimentos, pensamentos, pressentimentos fazem Sitandra dançar mais e mais, rodopiar como nenhuma outra vez. A não ser....

Naquela noite em que ela dançava porque queria se mostrar para o francês...

Desejou com toda sua alma encantá-lo...

...

 


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